Perdi um amigo








Hoje recebi a triste notícia de que Antônio Cedraz, ou simplesmente, Cedraz - como era conhecido – foi embora. Ficam a saudade, as lembranças, os momentos bons e alguns muito engraçados e hilários que só quem viu de perto sabe.

No mês que vem, outubro, vai fazer 30 anos que conheci Cedraz num curso de desenho animado, ministrado pela Felix Follonier Cartoon, no IRDEB. Três décadas de amizade e quadrinhos. Eu era um moleque de 15 anos e já conhecia as suas tirinhas do Joinha e do Joba. Mas foi no curso que o conheci pessoalmente. Dali em diante, fizemos os mais diversos trabalhos juntos ao longo de três décadas, tanto como dupla ou integrando a sua equipe de produção de quadrinhos produzindo ilustrações e HQ’s como as da Turma do Xaxado, o ápice dele como artista. 

Tive o privilégio de acompanhar de perto a sua carreira e aprender o pouquinho que sei de quadrinhos com ele. Eu e os meus amigos que integramos a sua equipe, fomos testemunhas de como o Xaxado, um personagem que de segundo escalão dentro das suas criações, se tornou a mais importante de todas elas, graças ao carisma e o universo lúdico nordestino em que o personagem vivia. E tudo isso, era fruto da vivência de Cedraz, do seu passado como menino do sertão baiano. Essa sua experiência, essa sua vivência contagiavam a todos que trabalhavam com ele, mesmo aqueles nascidos na cidade grande como eu. Não poupei esforços para embarcar nesse universo nordestino e contribuir da melhor maneira possível para esse universo lúdico da Turma do Xaxado, pesquisando referências estéticas e culturais do sertão nordestino. Tudo isso movido pelo estímulo criativo que Cedraz passava para nós. 

O resultado disso foram os prêmios que ganhamos e o respeito que os quadrinhos baianos conquistaram no cenário nacional. E isso se deve ao talento, à generosidade, ao profissionalismo e principalmente, à humildade de Cedraz que nunca posou de “estrela”. Ele tinha aversão a estrelismo.

Certamente, neste momento, ele deve estar em algum lugar bem melhor e mais interessante do que nós. Deve estar em algum lugar cheio de fantasia, de cores, alegria, como era a imaginação dele.
Vai com Deus Cedraz. Com Santo Antônio e Santa Luzia.

Comentários

Postar um comentário