Requinte ao Axé
Se Ivete Sangalo e Claudia Leitte, duas grandes musas da Axé Music atual, possuem uma postura pop no palco, com figurinos caprichados, coreografias elaboradas, shows e discos bem produzidos e um completo domínio da carreira artística, muito se deve a Daniela Mercury. Sem ela, a Axé Music certamente ainda teria cantoras com visual cafona e submissas aos empresários tubarões da música.
Até antes de "La Mercury", ali no final dos anos 1980, as cantoras da Axé Music tinham a garra, o talento, mas esteticamente eram de um mal gosto terrível. Com os cantores, não era diferente, é só ver qualquer foto de Netinho e seu cabelo "sarará", ainda na banda Beijo em 1989, e tire suas conclusões.
Tudo começa a mudar, com o aparecimento da banda Companhia Clic, cuja vocalista era a jovem Daniela Mercury. A banda trazia uma apostura inovadora para o Axé, com uma sonoridade mais pop, figurinos mais requintados que em nada lembravam o colorido exagerado e brega das outras bandas de Axé. Isso sem contar que a vocalista, além de cantar bem, tinha uma boa formação em dança. A Companhia Clic e o seu pop-axé bem feito, era uma "estranha no ninho" naquele momento. Ela antecipava ( e com muita propriedade) o que a Banda Eva ( com Ivete nos vocais nos anos 1990), Babado Novo e Jammil iriam fazer só muito tempo depois.
O mérito de Daniela foi dar um pouco mais de credibilidade à Axé Music, e "descolar" o gênero da aura depreciativa dos tempos do "Fricote" de Luiz Caldas, e aproximá-lo da MPB. A prova disso foi a cantora ter gravado com gente que ia do quilate de Tom Jobim ao Skank. Daniela ainda surpreende no final dos anos 1990, ao colocar DJ´s e a música eletrônica no seu trio elétrico durante o carnaval baiano, gerando grande desconfiança nos caranavalescos tradicionais.
O clipe acima é da música "Canto da Cidade", um samba-reggae pop que dá nome ao título do seu segundo álbum solo, de 1992. O disco, produzido pelo "midas" Liminha, alavancou a carreira da jovem cantora que trouxe um pouco mais de requinte à Axé Music, e de quebra, deu um toque de contemporaneidade ao samba-reggae.
Luiz Caldas é, provavelmente, O MÚSICO! Talvez por isto tenha entrado no ostracismo.
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