20 anos de "Sobre Todas As Forças"
O reggae aportou em terras brasileiras nos anos 1970 e foi
muito bem assimilado. Vários artistas da MPB, do rock e do pop como Gilberto
Gil, Paralamas do Sucesso, A Cor do Som, Baby Consuelo e até mesmo Chico
Buarque, gravaram músicas inspiradas no ritmo jamaicano. Porém, o reggae
brasileiro, até os anos 1990, ainda não tinha revelado um grande astro
totalmente seu. As bandas e cantores genuinamente do reggae nacional, ainda
estavam relegados ao “gueto” da cena musical brasileira. Os artistas de outros
gêneros emplacava um hit reggae, mas um “regueiro” propriamente dito, não
conseguia. Irônico não?
A coisa só mudou em 1990, quando em meio à ressaca da “geração
80” do rock brasileiro, a ascensão sertaneja e o modismo da lambada, a banda
carioca Cidade Negra lançava o seu primeiro álbum, o “Lute Para Viver”. Pela
primeira vez, uma banda de reggae brasileira ganhava popularidade no mainstream
nacional, tocando no rádio e na TV. Mas, foi a partir do terceiro disco, o “Sobre
Todas As Forças”, de 1994 que o Cidade Negra ganhou uma projeção muito maior,
alcançou o estrelato mostrando que o reggae brasileiro não podia mais ficar
restrito ao “gueto”.
Em “Sobre Todas As Forças”, o Cidade Negra contava com um
novo vocalista, o ex-banda Banda Bel, Toni Garrido. Já tinha visto antes disso,
o Toni no comando da Bel, se não me engando, no “Programa Livre”, do Serginho Groisman,
no SBT. Fiquei impressionado com o mix de soul, funk e pop da banda tendo um
negro nos vocais, coisa que no Brasil na época, pouco se via na TV. Com a saída
de Ras Bernardo dos vocais, Toni levou pro Cidade, a levada pop e soul que
fazia na Bel. Quem saiu ganhando foi o Cidade que além de ter “azeitado” mais o
seu reggae ao agregar algumas doses de pop e soul, ganhou um vocalista
carismático com postura de “sex symbol,
atraindo a atenção do público feminino.
Acho “Sobre Todas As Forças” um discaço. Nele, o Cidade
conseguiu manter o reggae de raiz, mas ao mesmo tempo sintonizado com o que se
fazia de contemporâneo no reggae lá fora, e ainda acrescentar alguns referenciais
de soul trazidos por Tony Garrido quando este veio da Banda Bel. O disco trouxe
vários hits como “Onde Você Mora?",
"Downtown" (participação de Shabba Ranks), "Downtown", "A
Sombra da Maldade" e “Pensamento”. O disco ainda contou a participação especial
de Gabriel, O Pensador em “Mucama”.
Rapidinho, o álbum bateu a casa das 800.000 cópias vendidas, algo jamais imaginado para uma artista de reggae nacional até então.
Rapidinho, o álbum bateu a casa das 800.000 cópias vendidas, algo jamais imaginado para uma artista de reggae nacional até então.
Com “Sobre Todas As Forças”, o Cidade Negra ajudou a
popularizar ainda mais o reggae no Brasil e passou a figurar como um dos
principais nomes da música pop brasileira. Por volta de 2000, numa enquete entre
os leitores e jornalistas da revista “Bizz” para um balanço dos melhores da
década que findava, “Sobre Todas As Forças” foi considerado o melhor disco do reggae
brasileiro dos anos 1990.
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